Cara, vivo pensando sobre isso. No fim das contas talvez não passe de um rótulo idiota de xiitas que parecem ser jurados de algum “show business”, por dizerem, “oh, aquilo é o punk, aquilo não é, sei lá, são bichas” (nada contra os homossexuais, não me entendam mal)... Segregações, rótulos, são merdas que as tradições impõem, para mais na frente assimilar até “subprodutos” intragáveis como o ódio. O Punk será alguma “elite” marginal de esgoto ou coisa do tipo? Ou será alguma aberração da natureza que veste calças verde catarro, cantam sobre amores enlatados e dizem tocar um som HC? Para essas duas posturas acho que mostraria o meu traseiro.
Prefiro acreditar na minha experienciação pessoal. Que tal começar com uma conspiração de um? Se não procuramos nem ao menos entender as nossas querelas pessoais, como julgar a mentalidade do outro por mais grotesca e estúpida que pareça? Sabe como é: você é jovem, fracassado, inadaptado, solitário, feio e inconformado com as injustiças do cotidiano. Você é tratado como um borrão, um homem sem face, o melhor do pior molde. Você procura fazer o melhor que pode, mas é ridicularizado. E vive em um contexto social de constante cobrança por resultados, como se fossemos engrenagens vivas, investimentos orgânicos ou coisa parecida. A rotina é um “caos geral mental”. Você toma nojo de frases tipo: “Não há nada que você possa fazer para mudar isso, são as normas, você deve apenas obedece-las”, ou então “O mundo não é do jeito que você quer”. Já imaginou o que seriam as ciências como a história, sem personagens que de acordo com suas motivações (nem sempre se valendo de ortodoxias cristãs, ou baboseiras do tipo) buscassem um drástico realce em seu “habitat”. Ou será que somos formigas ou abelhas operárias, que entendem seu papel hierárquico dentro de uma sociedade e apenas seguimos em frente sem questionar, cientes de que o papel é aquele, como se já tivéssemos um destino escrito em um alfarrábio de uma entidade que come poeira cósmica em algum canto remoto deste prisma de vidro que é o universo.
O “ser punk” (cabe o clichê) é a voz da mudança, dos fracassados e incompreendidos, o caminho para o recomeço. E porque não recomeçar regurgitando de volta ao mundo aquilo que ele nos obriga a digerir todos os dias? O que há de errado em começar do zero, ou usar o ódio de maneira construtiva? Na música, no teatro, no fanzine? Não é crime ser pessimista. Não é crime não ter religião. Crime penso eu, é esse falso moralismo em que estão as nossas lindas instituições falidas: as famílias, porque essa suposta “moral” que vigora é apenas um holograma de perfeição e que não permite um espírito de ruptura com a disposição social em que vivemos que todo o dia sacrifica sonhos, se utilizando até de boas intenções para se fazer o mal. Então já que é assim, porque não fazer o mal com boas intenções? Não creio que sou um criminoso por ser iconoclasta ou algum tipo de transgressor, seja de linguagem, comportamento ou o que quer que seja sabe?
Penso que não é se segregar da cultura vigente, até porque se queremos desenvolver um espírito crítico sobre o mundo em que vivemos precisamos vivenciá-lo; mas é ao mesmo tempo não permitir que o que você pensa ou o que você sente se torne uma atitude consumível. Não existem verdades absolutas, ducados indestrutíveis, impérios impenetráveis; O que existem são preconceitos, estereótipos forjados em vidas sem estilo e em estilos sem vida. O que deveria ser percebido é a ideia de libertação, ou pelo menos a tentativa de fuga rumo a essa libertação. É não permitir em hipótese nenhuma que um ideal seja cristalizado. Entender que são posturas, condutas que se entrelaçam com a própria forma de viver. Se não há um pouco de sua própria vida, do seu conceito a cerca da civilidade, da compreensão global e da dinâmica individual das coisas que te cercam,penso eu (questione o que estou dizendo se quiser porra!) não é possível fazer algo verdadeiramente sincero. Vão continuar sendo apenas códigos de postura, um prato cheio para a construção de novas tradições. Não é seguir manuais de instrução, mas incentivar a subjetividade de cada um. Liberdade para pensar não tem preço. A vida é uma constante mudança de mentalidade. E a mudança de mentalidade é o primeiro passo para uma mudança de contexto. Esse é o brotar de uma nova identidade, um encontro com o um nicho mais justo, a coragem que falta para muitos para se fazerem vivos perante as pessoas e as coisas que elas fazem. A constante mudança de opinião é o que move o ser humano a lutar por dias melhores. E por fim viver aquilo que acredita e não se apropriar de um resquício de ideal embalado para presente, com prazo de validade e código de barra. Tenho dito.
Voltando ao início, é ver que “no fim das contas” (rererere), Punk é só um clichê para o homem que questiona e que tem um forte senso crítico em relação aos dogmas que costumam dizer o que é certo e errado na sociedade. Você não nasce “Punk”, você não sai dizendo “sou Punk”, você simplesmente vive, sem nomenclaturas, éticas ou filosofias premeditadas.
E viva a Liberdade de expressão!
Se não gostou do que leu, foda-se, vai fazer teu blog e as tuas reflexões.
Até.
muito legal heitor, com um forte senso critico e analitico. Gostei cara,concordo com varios pontos. Vc é uma das poucas pessoas que escrevem o que pensa, mas ainda assim sem, querer atingir ou melhor menospresar a ideia de outros. muito bom , mesmo.
ResponderExcluir"Você não nasce “Punk”, você não sai dizendo “sou Punk”, você simplesmente vive, sem nomenclaturas, éticas ou filosofias premeditadas."
ResponderExcluirFalou tudo.
ai papai! BRAVO! lindo texto, não pelo punk que é o modelo, pela idéia, pela busca de referente, de substância.
ResponderExcluirCaralho doido tá massa! e eu concordo com contigo. O texto tá bem critico e têm algumas passagens bem fortes, que levam a uma reflexão profunda ,tipo essa parte: '[...]E vive em um contexto social de constante cobrança por resultados, como se fossemos engrenagens vivas, investimentos orgânicos ou coisa parecida.'
ResponderExcluirParabéns!
Muito bem moço. Bem justo começar falando da sua essência, e sem medir palavras. Se enquadrar e assumir um comportamento que muitos julgam 'diferente','agressivo', e tantos outros adjetivos que demonstram uma atitude errônea. Não podemos generalizar, tampouco rotular pessoas e comportamentos. Adorei o blog. Sorte e Sucesso. Rosseane
ResponderExcluirje adore ;D Muito bom texto Heitor.
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