Um tapa na cara do status Quo!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Sanidade

No subúrbio a paz não descansa nos lares
Ontem aquele corpo tinha tanta vida
A desgraça nunca bate antes de entrar
E aturdido, assombrado
Junto as frias paredes mentais
Vou segredando aos comprimidos:
Sanidade? O que é esse peso que eu sinto?
Será o meu modo depressivo?
Inadaptado aos transtornos formais
Oferecidos aos normais todos os dias...
Suas superstições não afastam o problema...
Seu grito rouco atesta esse dilema...
Conformados, pois no fim nem todos podem chegar...
Neuróticos, alcançam o quarto de almofadas
Com um lindo traje branco e correntes de cristal...
Vou segredando aos comprimidos:
Sanidade? É esse peso que eu sinto?
Será o meu modo depressivo?
Inadaptado aos transtornos formais
Oferecidos aos normais todos os dias...







Mais uma letra do Cianeto. Essa fala de um momento em que a solidão estava me deixando maluco, realmente neurótico sobre a minha relação com as pessoas. Todas eram nojentas, mesquinhas, nocivas. Eu nunca consegui entender como as pessoas conseguem viver nesse estilo de vida totalmente insano. "Ser uma palha entre agulhas" não é legal, porque mesmo quando você está certo, você cai no cadafalso do julgamento errado dos outros. E lembro que não tinha amigos para conversar sobre essas questões. Se você os tem, valorize-os, Nunca se sabe quando se pode precisar deles. Acho que meu erro foi o de nunca ter confiado.  se puder, confie. É ruim quando a única alegria que se tem está em um vidro numa prateleira de farmácia ou no seu porta-escova. Essa música é um culto a inadaptação no fim das contas. Mas não faça como eu fiz: procure valorizar quem te quer bem, que a camisa de força te solta. Não ache que você vai poder sozinho com o peso do mundo, que este é realmente pesado. Faça o que puder, faça sua parte, mas não se mate por nada nem por ninguém. O culto ao Niilismo sem fundamento pode te fazer mal.
Espero não ter explicado nada para você, leitor de araque.
Até mais.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Os 10 melhores discos de Punk Rock que considero- "White Light, White Heat, White Trash"







Bem, como havia prometido dias atrás, vou fazer a resenha dos 10 discos de Punk Rock que estão em minha prateleira na seção “tenha ou Morra”. Mais uma vez não estou nem aí sobre o que você acha que é Punk ou não. Foram discos marcantes para mim, e como bom egoísta que sou, só a minha opinião é que conta nesse espaço entendeu?Eu resolvi começar com uma banda clássica, com mais de trinta anos de estrada e que vai lançar disco novo já no início do ano que vem: Social Distortion. Apreciem a dica. Acho que vou deixar link pra download.

“White Light, White Heat e White Trash” representou o meu primeiro contato com a banda, a exatos 4 anos atrás. Recordo-me que foi algo surpreendente, já que na época eu buscava algo mais melódico e que ultrapassasse a casa dos 3 minutos.  Foi um choque quando ouvi os primeiros acordes de “Dear lover”. A casa foi abaixo nesse dia. Lembra country, lembra Cash, lembra o verdadeiro blues dos guetos dos EUA, sem deixar de ser simples, o que demonstra a capacidade de se misturar influências e outros estilos em um modo de fazer música tão injustiçada por ser muitas vezes rotulada como algo limitado ou repetitivo. Acho que a melhor música não é aquela que o artista tem um doutorado em música, mas aquela que mesmo que os músicos não tenham o curso completo, conseguem abalar as estruturas das pessoas com aquilo que berram em seu barulho. Mas, Mike Ness e sua trupe tocam muito! E tocam Punk Rock! Não é preciso ser um músico de heavy metal para se fazer algo bom. Em relação ao disco, temos letras muito boas. Não se assuste se você encontrar frases do tipo “Isso não é nada garota, até que você tenha sentido a dor” ou “amor e morte não significam nada”. O teor do que a banda escreve beira a melancolia e o mais profundo sofrer, seja por amor, seja pelo ódio que existe intenso na relação entre as pessoas em seus cotidianos medíocres de afazeres repetitivos e deprimentes. E diferente desse amor plástico que se vê nos dias de hoje em bandas de mentalidade atrofiada, vejo nesse álbum e nesse artista um das poucas tentativas de se falar sobre amor que deram certo. EMO? "São sentimentalistas demais"... como já escutei em minhas andanças por aí... Penso que falam de amor, mas ao mesmo tempo conseguem fazer o seu protesto abarcando o social. Por acaso o amor é um sentimento inexistente na vida das pessoas? Ele pode até estar sumido e sofrendo falência múltipla dos órgãos, mas ele insiste e sobrevive em alguns, nunca morrendo de fato. E se mesmo assim você ainda não acredita que existe crítica social em uma música assim? Escuta “Down Here” (With The Rest Of Us) e veja o quanto você está errado. Entre outras faixas que merecem destaque escute a belíssima "Crown Of Thorns" e perceba como é rico falar de sentimentos, sem o uso patético de clichês ou desse colorido berrante jogado por essa fábrica de lixo tóxico que é a TV. “I Was Wrong” e “When The Angels Sing” tiveram seus vídeoclips feitos e trabalham em cima do homem e o que este considera como certo ou errado. Tais impressões que tive fazem de “White Light, White Heat e White Trash” um clássico dos anos 90(pelo menos pra mim). Que tal buscar se encontrar em um disco assim do que cair em uma tempestade de purpurina que não diz nada sobre você mesmo para variar? Ou será que você sabe que é tão ruim por dentro que tem até medo do que pode encontrar? De qualquer forma fica a dica. Aprecie o melhor da old school do Punk e, ao invés de desconstruir tudo, que tal se identificar e acreditar em alguma coisa?

FICHA TÉCNICA
NOME DO ÁLBUM: “White Light, White Heat e White Trash”
ARTISTA: Social Distortion
SELO: Epic Records
DATA DE LANÇAMENTO: 17 de setembro de 1996
FORMAÇÂO: Mike Ness-Vocal-Guitarra base/ Dennis Danell-Guitarra Solo/ John Maurer-Baixo/Chuck Biscuits-Bateria.
FAIXAS DO DISCO: 1-"Dear Lover" – 4:43/ 2-"Don't Drag Me Down" – 3:51/ 3-"Untitled" – 4:45/ 4-"I Was Wrong" – 3:58/ 5-"Through These Eyes" – 3:15/ 6-"Down on the World Again" – 3:22/ 7-"When the Angels Sing" – 4:15/ 8-"Gotta Know the Rules" – 3:28/ 9-"Crown of Thorns" – 4:15/ 10-"Pleasure Seeker" – 3:33/ 11-"Down Here (With the Rest of Us)" – 4:19/ 12-"Under My Thumb" (Mick Jagger/Keith Richards) – 2:49 [faixa bónus]


domingo, 5 de dezembro de 2010

"Um Músico" ou "Prefácio para Os 10 melhores discos de Punk Rock que considero".



Depois de ver tanta merda que os caras escrevem por aí em outros blogs, resolvi que se eles têm espaço para estar colocando as atrocidades deles nesse espaço infecto e tendencioso que é a internet, eu também posso fazer isso. E como admirador e conhecedor de muitas bandas que tem o rótulo Punk rock, me acho no direito não de dizer se artista X é mais Punk que artista Y, mas de ao menos tentar postar os discos que marcaram e me ajudaram a me tornar o que sou hoje: Alguém que está sempre questionando sobre a vida, um eterno insatisfeito, alguém que entende que como as coisas estão expostas está totalmente errado. E nessa  pequena brincadeira que me propus a fazer,acho que é interessante mostrar antes das resenhas, o que eu penso sobre a música, para que você , leitor  desprovido de discernimento, entenda porque escolhi esse ao invés daquele disco. Digo assim porque sempre tem aquele palhaço que não concorda e critica o gosto de quem escreve. Quero desdejá deixar bem claro que são MEUS gostos, ok?
Bem posso começar afirmando sem medo que meu entendimento sobre política, filosofia, religião está na música, que sempre me exerceu um fascínio e agiu como um exorcismo aos meus demônios. A lição mais valorosa que aprendi com a mesma é de que ela carrega um pouco da vida de quem a faz.  O músico guarda umpouco dessa essência por entre seus dedos, em suas baquetas ou em sua voz. Contemplo a música como quem contempla um ser vivo em formação. e como tal devemos entender que ela pode sim ser morta, pois quem a faz tem pleno poder pra isso. Tudo depende do que o criador considera como mais importante: Fazer música porque existe um sentimento naquilo, porque você quer se divertir ou fazer as pessoas refletirem ou fazer música em um molde de plástico ao lado de uma maleta de dólares e uma estante de prêmios. Quando eu faço uma música, eu não me importo se milhares de pessoas vão ouvi-la: Se você já consegue fazer alguém parar para te ouvir, se você ajuda a resolver um problema de alguém, se você faz uma pessoa se encontrar de alguma forma no seu “Caos harmônico”, se você ajuda a formar opinião e estimular o grito entalado na garganta do conformado, você conquista o maior de todos os presentes, o mais intenso dos orgasmos. Não digo que não deva existir dinheiro nisso tudo. E é claro que tem e deve ter. Vivemos no capitalismo e eu não sou hipócrita de achar que hoje podemos viver fora dele, mas o problema surge quando você transforma diversão ou tudo aquilo em que você acredita se resume em caixa registradora gigante, e dentro dela você faz um riff ou uma rima pensando como um economista, imaginando os benefícios a curto e em longo prazo, pensando em quantas pessoas idiotas vão ir ao seu show, copiando seus cabelos ou as suas roupas folgadas, consumindo o melhor da sua casca, e o pior de sua criatividade, que nem sua mais é,ela torna-se um subproduto dos sintetizadores e dos produtores/copiadores espalhados pelos grandes nomes da indústria fonográfica. Imagine-se na situação dessas bandas da moda e o legado ridículo para as gerações futuras. “Não vamos pensar o mundo, vamos criar um maravilhoso mundo de faz de conta, em que sangue é chocolate e o amor é prensado em latas de sardinha”. Música não se faz assim. Tem todo um romantismo em relação à diversão nesse processo. E eu não aguento mais ver a minha amante ser esquartejada todos os dias por um bando de açougueiros que se dizem músicos. Meu ouvido e meu espírito até onde sei, não são depósitos de lixo e nem playground para experimentações e clichês baratos.
Então é isso, tendo em vista essa “minha palestra” sobre a música espero que tenham entendido o que aprecio em um trabalho desse tipo. No próximo post, estarei resenhando o primeiro dos 10 discos que guardo na minha gaveta ”tenha ou morra”. Espero que gostem. Se a preguiça deixar eu posto até links para download.
Até mais.