Um tapa na cara do status Quo!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Genes do Suicídio


Goethe* se sacode no seu leito
Não há mais nada, a ser feito
Mofando neste cativeiro
Que é tão imundo, quanto um bueiro
Não é tão cômico, estar do avesso
E ter um preço, Sofrer descaso
Corpo e alma aos poucos se mutilam
Na dança da morte, em que bailam
Como um drama que reprisa o dia inteiro
O desapego é que te dá sentido
A tempos é molestado em seu íntimo
Genes do Suicídio!
Augusto**evidencia estupefato
Que são putrefatos, os nossos atos
Tudo o que era intocado
É violado, e ofendido
Não importa quanto afeto receba
É como um câncer, é tão sutil
Inadaptado a nossa natureza
Esforço inútil, comunhão fútil!
Como um réu que escuta a sua pena
E já sabe que está fodido
Descendo a hades e sua treva plena
Genes do Suicídio
Azevedo*** brinda e te saúda
Te encaminha a sepultura
A morte vai além de mera fuga
É a cura da sua loucura!
Como um drama que reprisa o dia inteiro
O desapego é o que te dá sentido
A tempos molestado em seu íntimo
Genes do Suicídio!

*Goethe: Escritor alemão e autor do mundialmente famoso romance "Os sofrimentos do jovem Werther"
**Augusto dos Anjos: Foi um poeta do contexto do Simbolismo e do pré-modernismo. Sua poesia chocante pode ser conferida no livro "EU".
***Álvares de Azevedo: Principal escritor da segunda geração do Romantismo Brasileiro, tida como "Mal do século" . Autor do romance "Noite na taverna"

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Arqui-Inimigo


Quanto mais iluminado
Maior será a sombra
Melhor que não perturbe
O que paira na penumbra
Quebrou sua auréola
Na guerra sensorial
Sua mente é tão malévola
Um inimigo informal...
Como um vilão a ser batido
Em uma luta desigual
O seu orgulho imbatível
Tem te encravado um punhal...
[Arqui-inimigo!x4]
O que tu vê estéril
É o que tens de melhor
O seu pensamento infértil
Só ressalta o teu pior...
Falha na sintonia
De sua simbiose sinistra
É uma amizade cínica
Ou uma doença crônica?
Deu nome ao monstro
Tirou-lhe do lugar
O que foi que andou fazendo
Além de se odiar?
[Arqui-Inimigox4]
Nunca satisfez a sua vontade
Sequer formou uma verdade
Está serrado pela metade
E perde com dignidade...

Algum ego?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

melancólica

 Eu sei que escuta
A tristeza que educa
E que tanto me implica
É como uma flor que murcha
E quando se acha madura
Ama e se machuca!
Te furtam a estima
Tu surta e desanima
Rotina que resigna!
Precisa estar triste para estar bem?
É mesmo tão bom não ouvir ninguém?
De repente ficou muda
Com a lamúria surda
E por ela reluta!
É como uma farda pesada
Com sua culpa costurada
É a mais bruxa entre as fadas!
É um golpe de vista
E o veneno do pessimista
É a sua maior conquista?
Faz algo de errado para ficar bem?
Eu sei, não precisa de ninguém!
Eu sei que não odeia
Mas não aprecia
Dilui-se em letargia!
Como uma atrofia
Um terminal sem agonia
Nem mais me respondia...
Ninguém te dizia
Mas penso que já se via
Mais morta que viva!
É revigorante não estar bem!
Não é bom esperar por ninguém!

Orfão


Hoje eu bebo por quem partiu...
E temo sobre o que possa te acontecer
Mesmo com o sol que teima em subir
Eu sinto o frio aos poucos te envolver
Eu bem que podia ser o seu irmão
Mas te relegaram a torpe solidão
Não foi fácil ver sua mãe morrer
E ouvir o que ela tinha pra dizer:
"Ingênuo menino, você vai crescer
Mas temo que seja sem mim
Mas saiba que  por perto estarei
Em qualquer gesto seu de amor"
Hoje eu lembro de um velho amigo
Não sei o que fizeram a você
Tiraram os doces do alegre menino
E deram um vício para o aquecer
Noites não sóbrias trazem o seu pai
Que no som da brisa parece lamentar
Triste pelo filho que aos poucos cai
Está na memória que aos poucos se esvai:
"Queria te dar, o que nunca sonhei ter
Mas parece que meu tempo acabou
Mas no teu silêncio eu vou ressurgir
E juntos iremos vencer..."
Hoje eu bebo pelo sincero
E entendo o efêmero e o eterno
Pode até estar longe do meu esmero
Mas na falta, terá meu amparo
Quero que a justiça seja feita a você
E ouvir que seu suplício terminou
Espero estar cativo em sua mente
No que de melhor ficou...